A série Horizon da Netflix está realmente cancelada? Todos os sinais apontam que sim, com a notícia de que a produção não seguirá em frente. Parece que o ambicioso projeto da Netflix de adaptar Horizon Zero Dawn está no limbo, pelo menos por enquanto.
Há cerca de dois anos, a Sony confirmou sua intenção de adaptar suas principais franquias de jogos para streaming, incluindo as aventuras de Aloy em Horizon. No entanto, desde o anúncio inicial, as informações sobre a série têm sido escassas.
Sabemos que a produção seria realizada pela Netflix, que em agosto de 2022 anunciou Steve Blackman como showrunner, ou seja, o responsável por todo o projeto, tomando decisões sobre todos os aspectos criativos, desde a fase inicial até o produto final. Blackman, conhecido por seu trabalho em Umbrella Academy, foi nomeado como parte do acordo de 50 milhões de dólares já existente entre ele e a Netflix, firmado em 2020.
Os primeiros rumores vazados na web estavam relacionados ao suposto codinome do projeto, “Horizon 2074”, levando muitos a acreditar que se tratava de uma prequel, um prelúdio no tempo dos Antigos. Contudo, canonicamente, nessa data, a vida na superfície da Terra já havia sido dizimada pela Praga Faro, restando apenas os sobreviventes em bunkers, como Tebas de Ted e o Elísio para os membros do Zero Dawn.
Pessoalmente, fiquei animada com essa possibilidade, pois seria uma ótima maneira de expandir a narrativa do jogo. Além disso, construir habitats subterrâneos é muito mais econômico do que criar máquinas majestosas, o que ajudaria a evitar problemas de orçamento. Porém, as primeiras declarações dos produtores apontaram Aloy como a personagem principal na trama, indicando que a adaptação seria fiel à linha do tempo dos jogos e acompanharia a jornada da heroína em Horizon Zero Dawn e, potencialmente, em Forbidden West.
No entanto, a maré mudou há cerca de três semanas, quando um extenso artigo na Rolling Stone revelou graves denúncias contra Steve Blackman. Acusações de assédio moral, comportamento tóxico, manipulação e sexismo pintaram um quadro perturbador do showrunner. Embora isso tenha gerado uma esperança inicial de que a Sony pudesse ter se livrado de um problema, um tweet da autora do artigo, Cheyenne Roundtree, revelou que tanto a série Horizon quanto o outro projeto de Blackman, Orbital, estão com a produção suspensa.
O real motivo para cancelar a série permanece imerso em nebulosidade. Roundtree não ofereceu mais esclarecimentos, e a Sony e a PlayStation Studios continuam em silêncio. Curiosamente, o artigo inicial da Rolling Stone não mencionou o cancelamento, mas foi posteriormente atualizado para incluir a nova informação, primeiro afirmando que a série Horizon não seguiria em frente com Blackman e, em seguida, confirmando o cancelamento.
Entenda o Rolo
No artigo, a Rolling Stone afirma ter conversado com 12 ex-roteiristas de Umbrella Academy e outros membros da equipe que trabalharam ao longo das quatro temporadas. A maioria das fontes pediu para que seus nomes não fossem divulgados, temendo retaliação profissional.
A Rolling Stone diz ter revisado a denúncia apresentada por vários desses colaboradores ao RH em janeiro de 2023, na qual Blackman é acusado de ter um “longo histórico de comportamento tóxico”, sendo descrito como um manipulador que coloca funcionários uns contra os outros, promovendo um ambiente de trabalho nocivo, repleto de medo e desconfiança.
As fontes ainda afirmam que Blackman demanda uma lealdade inabalável de sua equipe (algo como o Walter Londra da vida real 😖). Ele é acusado de não dar o devido reconhecimento ao trabalho dos roteiristas, se apropriando dos créditos, e de supostamente fazer comentários obscenos, sexistas, homofóbicos e transfóbicos (apesar de seu aparente apoio à transição de Elliot Page).
A Rolling Stone aponta que a denúncia feita ao RH em janeiro de 2023 detalha pelo menos cinco casos separados em que Blackman supostamente agiu de forma retaliatória contra seus colaboradores, incluindo Jesse McKeown, co-showrunner na quarta temporada de Umbrella Academy, que afirma que seu trabalho foi prejudicado após apoiar um escritor em uma disputa de pagamento.
Apesar de toda essa fumaça, a investigação realizada pela UCP (Universal Cable Productions, uma produtora de televisão) na primavera de 2023 inocentou o showrunner das acusações. A maioria das pessoas citadas na denúncia de janeiro de 2023 afirmou à Rolling Stone que nunca foram contatadas para relatar suas experiências com Blackman.
O porta-voz de Steve Blackman nega as acusações, acrescentando que ele “mantém uma relação de trabalho longa, contínua e próxima com a Netflix”, “continua a trabalhar em novos projetos” e que “assinou um novo contrato de vários anos no início deste ano.”
Adicionando mais lenha à fogueira, no início de julho, Jeff Grubb postou um rumor de que o roteiro para a adaptação de Horizon teria sido considerado “ruim” pelos financiadores, sugerindo que o projeto poderia já estar comprometido antes das acusações contra Blackman.
Essa hipótese é, de certa forma, reforçada pelo artigo da Forbes, que, após uma atualização, afirma que fontes próximas revelaram que o cancelamento dos projetos, incluindo Horizon, não estava relacionado às alegações contra o showrunner.
Essas declarações contraditórias levantam mais perguntas, aumentando não apenas a nossa confusão, como fãs de Horizon, mas também a frustração com a interrupção da produção da série, especialmente considerando todas as expectativas que giravam em torno do projeto.
A sugestão de que “outros fatores” podem ter contribuído na decisão de interromper o desenvolvimento da série na Netflix levanta pelo menos duas possibilidades: dificuldades relacionadas a diferenças criativas ou questões orçamentárias.
Diferenças criativas: É fato que adaptar qualquer obra para uma mídia diferente da original envolve mudanças, e é certo como o dia e noite que serão duramente criticadas. No caso de Horizon, desalinhamentos entre a visão dos criadores do jogo e as expectativas das outras partes envolvidas, como a Sony e a Netflix, podem surgir a qualquer momento. Alterações na narrativa ou nos personagens que comprometam o cânone e os elementos que fazem o jogo brilhar podem gerar fricções com os criadores originais. Possíveis desacordos quanto à abordagem da adaptação podem ter comprometido o projeto.
Questões orçamentárias: Na indústria audiovisual, as escolhas criativas são feitas com base no lucro. Quem contratar para o elenco? Quais locações cabem no orçamento? Quais recursos são necessários para gravar uma única cena? Produzir uma série com a complexidade e riqueza visual de Horizon exige um grande investimento. Se a Netflix não estivesse disposta a alocar o orçamento necessário para manter a qualidade visual e técnica, isso poderia ter levado à suspensão do projeto. Embora o dinheiro seja uma questão central, ter mais ou menos grana disponível não garante a qualidade final do produto nem a fidelidade ao material original.
Uma coisa é certa: desde o anúncio inicial, a ideia de que a Netflix seria capaz de fazer uma adaptação bem-sucedida de Horizon gerou ceticismo entre os fãs, em parte devido à metodologia de investimento da plataforma, que frequentemente deixa a desejar em termos de qualidade. Sem informações concretas, só podemos especular sobre os verdadeiros motivos por trás do cancelamento.
Será Mesmo o Fim da Série?
No momento, o desenvolvimento da série Horizon está suspenso. Apesar de tudo, a situação está longe de ser desesperadora, pois há razões para acreditar que o projeto será retomado no futuro.
Vamos direto ao ponto: Steve Blackman. As acusações contra ele são sérias e preocupantes, e sua remoção do projeto foi um passo positivo. Afinal, o único tirânico que queremos em Horizon é a máquina do jogo.
Agora, sobre a própria série: Ver seu jogo favorito virar uma série de TV é o sonho de muitos jogadores, inclusive o meu. Por isso, essa notícia é tão desanimadora, especialmente considerando o potencial do rico universo de Horizon, com seus personagens cativantes e sua história profunda e envolvente.
Embora a ideia de uma adaptação live-action (aquelas produções filmadas por atrizes e atores reais) levante preocupações entre os fãs, especialmente quanto ao alto orçamento e à fidelidade ao material de origem, esse não é um desafio insuperável.
Nos últimos anos, a Sony tem buscado expandir suas franquias de jogos para outras mídias. The Last of Us, na HBO, é uma prova do sucesso dessa estratégia, recebendo aclamação massiva tanto do público quanto da crítica. Até mesmo o filme Uncharted, apesar da recepção morna, foi um sucesso comercial, custando 120 milhões de dólares e rendendo cerca de 400 milhões em bilheteria. Além, é claro, do aumento nas vendas dos jogos, consoles, serviços e demais produtos associados.
A Sony não é a única a usar uma abordagem multimídia. Fallout é mais um grande exemplo de adaptação bem-sucedida. A série da Amazon Prime bombou, superando todas as expectativas, alavancando não apenas as vendas dos jogos (a edição ‘Game of the Year’ de Fallout 4 esgotou 👀), mas também diversos produtos ligados à franquia. Arrisco-me a dizer que Fallout se consagrou como um verdadeiro Cult, um termo usado para descrever aqueles produtos da cultura popular que conquistam uma base de fãs apaixonados.
É impossível não citar Arcane, outra produção de grande sucesso. A série animada da Netflix, baseada em League of Legends da Riot Games, conquistou o público com sua belíssima arte e ótimo roteiro. Pessoalmente, gostaria que a série Horizon na Netflix seguisse o modelo de Arcane, optando por uma animação em vez de live-action. Isso facilitaria a manutenção da fidelidade ao material de origem e possibilitaria a inclusão dos dubladores do jogo, tudo dentro de um orçamento viável.
O que faz uma boa adaptação? O segredo do sucesso dessas produções parece estar no equilíbrio entre inovação e a preservação dos elementos que tornaram o jogo um sucesso. É um desafio que exige muita criatividade e sensibilidade na escolha do que deve ser mantido, transformado ou introduzido. Afinal, o termo ‘adaptação’ existe por um motivo, mas não há dúvida de que a fidelidade ao cânone do universo é um fator indispensável.
Confesso que senti alívio ao saber que Jan-Bart van Beek está oficialmente ligado ao projeto da série como Produtor Executivo. Além de ser o atual Diretor de Estúdio e Diretor de Arte e Animação na Guerrilla, foi Jan-Bart quem apresentou o conceito inicial para Horizon; é dele a ideia da caçadora tribal em um mundo pós-apocalíptico belo e governado por máquinas. Acredito que ele não deixaria o projeto se desviar a ponto de se perder. Me pergunto se foi van Beek quem salvou a série de uma adaptação de roteiro “ruim”, caso o rumor levantado por Jeff Grubb, mencionado anteriormente, seja verdadeiro.
Além de Horizon, a Sony tem uma gama de outros projetos em vários estágios de desenvolvimento: um filme de Ghost of Tsushima, uma série de God of War com a Amazon Prime e adaptações de Gran Turismo e Twisted Metal. Com tanto potencial e investimento em expansão multimídia, parece improvável que a empresa abandone a adaptação de Horizon.
Então, o que vem a seguir para a série Horizon? Vejo três possibilidades principais:
- Cancelamento: A série morreu, podendo estar emaranhada em questões de direitos. Não está claro se a Sony mantém ou vendeu os direitos para a Netflix. Se for o último caso, será que a Netflix venderia os direitos de volta para a Sony ou para outra plataforma?
- Retomada pela Netflix: A Netflix pode tentar salvar o projeto com um novo showrunner.
- Mudança de Plataforma: Essa é uma possibilidade empolgante! A série poderia encontrar um novo lar em uma plataforma de streaming diferente. (🙌)
A terceira opção, uma mudança de plataforma, parece a mais promissora. Embora a Netflix possa não ter sido a escolha ideal, outras plataformas, como HBO e Amazon Prime, conhecidas por seu conteúdo de alta qualidade e sucesso com suas recentes adaptações de jogos, poderiam oferecer o ambiente perfeito para a série Horizon prosperar.
Acredito que a HBO seja a favorita entre os fãs de Horizon, em grande parte devido ao trabalho excepcional com TLOU. Ela parece ser a escolha mais óbvia, considerando seu histórico de grandes produções como Game of Thrones e Casa do Dragão. Confesso que ficaria extremamente feliz se a HBO assumisse a responsabilidade pela série Horizon.
Alternativamente, a Amazon Prime também pode ser um lar adequado para Horizon. Além de seu êxito com Fallout e produções de qualidade como Os Anéis de Poder e A Roda do Tempo, não podemos esquecer o relacionamento já estabelecido da plataforma com a Sony para a adaptação de God of War.
Outra plataforma que pode estar fora do seu radar é a Apple TV, certamente estava fora do meu. É verdade que a novata tem poucas produções em seu currículo, mas todas demonstram excelente qualidade. Me surpreendi ao saber que a série Ruptura, uma das mais prestigiadas do streaming, possui um orçamento que rivaliza com o de Casa do Dragão, variando entre 15 e 20 milhões de dólares por episódio. Honestamente, não tenho grandes expectativas de que a série Horizon vá para as mãos da Apple TV, mas também não me oponho à ideia.
Considerando o alto investimento da Sony em sua estratégia de expansão multimídia e o potencial da franquia Horizon, não faz sentido que a série seja abandonada permanentemente, especialmente devido ao seu status como uma franquia carro-chefe da empresa. Vale lembrar que já foi feito um aporte inicial (valor não divulgado), e decretar a morte do projeto representaria um grande prejuízo.
Acredito que a Sony esteja aguardando o momento oportuno para retomar o desenvolvimento da série. Tenho esperança de que, em breve, receberemos uma atualização que lançará luz sobre o futuro da franquia Horizon no mundo do streaming
Até lá, não deixe de conferir o quarto episódio da BASE, onde mergulhamos fundo em todos os detalhes relacionados à série Horizon.